Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(1)
Que a galhofa faça parte da
peleja eleitoral não há problema algum. Na verdade, é um dos temperos que
tornam esse angu encaroçado mais palatável para todos, seja para o gosto dos
eleitores ou dos candidatos. Agora, vermos a vida (depre)cívica brasileira ser
reduzida a uma troça só é sacanagem. Ninguém merece. Ninguém mesmo.
(2)
Os bocó de mola que se declaram
alminhas críticas quando palestram sobre a realidade política brasileira, com a
boca cheia de criticidade, afirmando que o povo não gosta de parlar sobre
política confessam, a todos, que são um profundo poço de alienação.
Ora, se há um trem que as pessoas
gostam de conversar é sobre política. Claro que não é do jeito e no tom que as
mentes ideologicamente fecais desejam que seja, mas as pessoas conversam sim.
Preocupam-se, indagam-se e defendem a causa que acreditam ser a mais justa
neste ou naquele momento.
É óbvio que não será isso, falar
sobre política, que tornará as pessoas mais dignas, prestativas e boas. Na
verdade, as pessoas simples não fazem apenas isso não. Fazem muito mais.
Agora, querer reduzir a vida
unicamente a dimensão política, como querem a turminha com duas mãos canhotas,
é que nos bestializa. Pena, pena mesmo, que essas pretensas mentes críticas não
percebam isso.
(3)
O hino da independência, numa
belíssima passagem, lembra a todos os patriotas que “vossos peitos, vossos
braços são muralhas do Brasil”. Há, com toda certeza, muitas almas que atendem
a esse apelo. Com certeza há. Todavia, atualmente, surgiram entre nós algumas
sebosas almas que colocam um partido político vil acima da sua pátria. Não só
isso! Cobardes que, no ápice de sua pusilanimidade, usam seus bebês como
escudos humanos para defender a perfídia de uma ideologia ímpia.
(4)
Por mais acrobacias discursivas e
linguísticas que se use, por mais que se tente disfarçar o indisfarçável,
invadir prédios públicos, atear fogo em pneus nas ruas, virar viaturas da
política, depredar a propriedade alheia, etc., não é e nunca será um ato
cívico-democrático, nem mesmo um ato de desobediência civil. Não mesmo. Atos
como esses não passam dum punhado dum vandalismo calhorda, dum terrorismo chinfrim
de militontos desmamados. Só isso e nada mais.
(5)
A verdade é somente reconhecida e
apreendida quando testemunhada pela consciência individual. Coletividades,
ideologicamente engajadas ou não, jamais dão testemunho da verdade, haja vista
que essas são desprovidas de personalidade.
(6)
A vida é feita de momentos e, os
momentos de nossa vida, são similares ao ato de degustar um cigarro de boa
procedência.
Isso mesmo! Para que esse possa
ser prazerosamente tragado é indispensável que o braseiro que o anima seja
intenso. Se não o for, o fumar, como o viver, torna-se sofrível em cada um de
seus momentos, em cada uma de suas tragadas.
E, cada sorvida do fumo, bem ou
mal devorada, vai consumindo o dito cujo do rolinho de fumo deixando para traz
apenas cinzas; só fumaça e cinzas daquilo que até então parecia ser tão intenso
e vivaz.
Enfim, viver é tal qual fumar,
goste-se ou não da analogia.
(7)
O voto, quando sufragado, é
similar ao ato de comunhão; e o pleito eleitoral, dum modo geral, uma
verdadeira celebração onde a sociedade manifesta aquilo que deseja, sente e,
principalmente, aquilo que o coração dos cidadãos tem na conta de valioso.
Por isso, muito cuidado, muito
cuidado mesmo, na hora de sufragar o seu precioso votinho numa urna, pois, dum
jeito ou doutro, gostando ou não, acabamos nos tornando aquilo que comungamos
porque, no frigir dos ovos, esse gesto reflete muito daquilo que nós mais admiramos.
(*)
Professor, cronista e bebedor de café.
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