Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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DIÁRIO DE BORDO: DATA ESTRELAR INCERTA - 002

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Vejam só como são as coisas nesse mundão velho: se o caboclo enche as guampas de canha, forra o bucho de carne, ferve o caneco até tarde da noite em dia de São Pega sem se preocupar, nem um pouquinho que seja, se está ou não perturbando o descanso daqueles que na manhã seguinte tem de levantar cedo, bem cedinho, pra lavorar, em termos brasileiros, um caipora desse naipe está mais que apto para candidatar-se a um posto qualquer de “otoridade” pública.


E, pode crer, que esse tipo de gente pode até não ser eleita, mas provavelmente terá uma boa margem de votos, haja vista que gente desse tipo (depre)cívico tem uma significativa representatividade junto ao nosso arremedo de sociedade.


Fazer o que? Coisas da democracia brazuca que aí está para atravancar o país.

(2)
Não entendo, confesso, qual é a grande e misteriosa proposta subjacente ao foguetório que é solto diuturnamente durante um período eleitoreiro; foguetório esse disparado pela maioria dos candidatos – de todo e qualquer naipe político – como se fosse uma interminável torrente de flatulências desinibidas e, isso tudo, em misto com aquelas musiquinhas do Saci que, só por Deus, ninguém merece ouvir. Enfim, seja como for, quem saberá o segredo esotérico que existe por trás disso tudo, não é mesmo? Eu não sei, haja vista que sou apenas um mísero caipira escrevinhante, mas há quem diga que esse forrobodó todo seja o prenúncio do que está por vir quando o pleito findar e uma das partes for confirmada após a evacuação eletrônica das urnas. Bem, de qualquer jeito, em breve poderemos constatar com nossos olhos e olfato o que teremos reservado para os próximos anos, não é mesmo?

(3)
Quem diz verdades, perde amizades. Isso faz parte da vida e todos sabem. Agora, aqueles que ousam tecer zoeiras para rir do ridículo geral que impera entre nós, acabam ganhando patrulhas políticas e rondas ideológicas em seu encalço para fiscalizar o tom e o ritmo de suas risadas, sejam elas gargalhadas digitais ou risos analógicos. Pois é, fazer o que? Em sociedade mimizenta é assim mesmo.

(4)
Todo esse papo de neutralidade e de objetividade científica não passa duma frescuragem. O que realmente importa, o que de fato interessa, é a dita cuja da sinceridade intelectual.

Quem é sincero não é neutro; quem é objetivo, necessariamente, deve ser sincero.

Para investigar qualquer coisa, por mais simples que seja, devemos tomar, logo de início, partido pela verdade e objetivamente reconhecer que a realidade é muito mais ampla e complexa que nossa limitada capacidade de descrevê-la.

Sem isso em nosso horizonte, toda e qualquer atividade intelectual não passará dum caricatural esnobismo diplomado. Só isso e olhe lá.

(5)
Há uma diferença ontológica entre a filodoxia e a filosofia. Existe um abismo imenso entre a paixão idolátrica pelas opiniões e o abnegado amor à verdade.

A constatação disso é auto-evidente, porém, causa-nos assombro ver que na sociedade hodierna o magistério da segunda literalmente vê-se, na maioria dos casos, reduzida ao cultivo da primeira.

Enfim, como reza a sabedoria popular: é o fim da rosca mesmo.

(6)
Quem não suporta a árdua tarefa de estudar; todo aquele que não tem disposição para conhecer pontos divergentes sobre uma questão; que repudia antecipadamente as interpretações conflitantes sobre a realidade e recusa-se a ponderar, com sinceridade, sobre o que isso tudo se refere sem ficar, de antemão, tomando partido em favor de A, B ou C, antes de se gabar tolamente disso ou daquilo, deveria sim, lavar a boca com creolina.

Isso mesmo. Antes de ficar proclamando aos quatro ventos que é um sabichão dotado de consciência crítica e portador do escambau a quatro, seria, de bom alvitre, criar vergonha nas vetas e reconhecer a pequenez de sua suposta sapiência e comparação com a imensidão de sua ignara soberba.

Enfim, seria bacana, bem bacana mesmo, que os elementos desse naipe parassem de ficar rotulando os demais de alienados, porque, na real, gente que assim procede não passa duma alma de papelão alienada de seu ridículo nada original.

Em resumo: qualquer um que assim proceda não passa de um pretensioso bocó de mola. Só isso e olhe lá.

(7)
Quando legisladores, pessoas doutas e toda ordem de gente metida à sabida referem-se a um assassino e estuprador como se esse biltre fosse uma espécie de vítima da sociedade é porque já passou da hora de mudarmos o nome de nosso país; mudar de República Federativa do Brasil para Hospício Psicótico de Banânia.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.

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