Por Dartagnan da Silva Zanela (*)
(1)
Conversa fiada com pretensões
inteligentes são tão degradantes quanto todo e qualquer papo furado
sem pretensão alguma. Em certa medita, e nalgumas situações, o
primeiro tipo de colóquio é até mais perverso porque os
interlocutores creem piamente que, por estarem fazendo isso, por
estarem entretidos num bate-papo cheio de pose e afetação, darão
mostras dalguma superioridade intelectual ou moral; superioridade
essa que, de fato, inexiste. Em termos substanciais, esse tipo de
trelelê, em nada difere do segundo tipo de prosa. A diferença real
está apenas na banca, na pose exigida numa e dispensável na outra.
E se
digo isso não por maldade não.
Não
mesmo. Aponto isso porque
não existe nada mais letal para inteligência humana do que fiar-se
numa conversa com pretensões intelectuais sem que de fato essa seja
um diálogo desse gênero. E
assim o é porque todo e qualquer saber
fingido, com o tempo, embota todo e qualquer conhecimento
substantivo.
(2)
Falada ou escrita, a palavra é um
dom gracioso de Deus e, por isso, não deveríamos nos entregar ao
vil desfrute de desperdiçá-la com coisas tão levianas quanto vãs.
Não deveríamos, mas o fazemos diuturnamente com uma sorumbática
alegria.
(3)
Em tudo e com tudo pedir a Deus o
devido e necessário discernimento.
(4)
É fundamental, indispensável, que
fiemos nosso posso na contenção de nossos apetites; principalmente,
dos nossos apetites por vãs glórias.
(5)
O caboclo passa, por baixo, quatro
horas por dia no celular vendo sacanagem e toda ordem de bobagens; o
caipora, todo dia quando chega no seu rancho, liga a televisão, ou a
netflix, e fica estrebuchado até tarde da noite vendo qualquer
coisa, e assim o fica simplesmente pra ocupar seu tempo ocioso; no
fim de semana, de sexta a domingo, fica umas par de horas no boteco
falando tranqueiras com qualquer tranqueira que apareça, ou na
balada balançando as pelancas e, no frigir dos ovos, ainda tem a
cara de pau de dizer que não tem tempo pra ler um bom livro. Bem, o
tempo é nosso e o que fazemos com ele é o que somos, por mais que
nos esforcemos em fingir o contrário nessa sociedade de
dissimulados.
(6)
Silenciar, não é calar; da mesma
forma que aquietar a alma não é sinônimo de nada fazer. Silenciar
é predispor-se a ouvir a verdade que não cala e aquietar é estar
pronto, sempre pronto, para agir a partir da silenciosa verdade
ouvida.
(7)
Se, numa conversa sobre política e outros bichos similares, você
for rotulado de fascista ou algo do tipo, pode ter certeza que você
está diante de um perfeito idiota pretensiosamente crítico que, por
sua deixa, é um bicho nem um pouquinho raro na falta brasileira,
infelizmente.
Numa situação como essa você poderia recomendar ao seu
interlocutor uma pilha de livros sobre o assunto para ele ver o
tamanho da asneira que disse; poderia, mas, fazer isso seria uma
perda de tempo se você também não leu nada sobre o assunto e não
compreende claramente do que foi chamado.
Sim, você sabe que foi chamado de algo terrível, que lhe foi
imputada uma ideologia horrorosa, mas, possivelmente, não sabe o que
exatamente é esse algo.
Bem, nesses casos é mais do que recomendada a leitura do livro A
IDEOLOGIA DO SÉCULO XX do embaixador José Osvaldo de Meira Penna
que, pro meu paladar, ainda é a melhor introdução a essa cabeluda
questão que é tratada, hoje em dia, de maneira tão leviana por
gente diplomada e dissimuladamente inteligente. Os ditos cujos dos
idiotas criticamente críticos.
Ah! E, dum jeito ou doutro, não se esqueça de deixar bem claro que
fascista é a mãe.
(*) Professor, cronista e bebedor de café.
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