Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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DIÁRIO DE BORDO: DATA ESTRELAR 020930

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Em ano eleitoral é assim: os candidatos atiram uns contra os outros os mais ferinos pelotaços na forma dos mais infamantes adjetivos. O bicho é feio mesmo. Chega a ser cômico de tão feinho que o trem é. Em alguns casos, nem as genitoras são perdoadas. Tadinhas. E que a verdade seja dita: todos eles, cada um ao seu modo, substancialmente tem razão naquilo que diz através dos seus disparatados adjetivos disparados. Enfim, bem ou mal, essa é nossa classe, a nossa fauna e flora política (depre)civicamente constituída. Fazer o quê? É o que temos. É o que mais temos.

(2)
A estultice, a leviandade e toda ordem de vilezas que arrastam a alma humana para as latrinas da existência são, por definição, contagiosas; tal qual uma doença viral.

A inteligência, a virtude e todas as dignidades que podem germinar na alma humana são, por sua deixa, verdadeiros anticorpos contra todas essas pestilências que diminuem a nossa humanidade.

E, ao que tudo indica, a cultura brasileira anda com a imunidade baixa pra cacete contra essas infames enfermidades da alma e, consequentemente, todos nós estamos meio pesteados.

(3)
Quanto vejo um garoto maroteando um adulto, fico cá com meus alfarrábios a perguntar-me: se esse vinagre destrata assim uma pessoa estranha, imagine só o que ele faz com os seus professores e, obviamente, com seus pais. Imaginou? Eu não. Vai que eu, imaginariamente, venha a traumatizar o xarope. É bem capaz de uma dessas alminhas sebosas politicamente corretas querer me passar um pito, não é mesmo? Por isso, apenas rio, mesmo que de maneira amarelada, rio muito do ridículo bestial a que chegamos onde uma geração inteira se nega a educar os infantes com medo da reação dos deseducados e da possível ação das almas sebosas que os mimam sob a égide de estarem supostamente tutelando os seus direitos. Enfim, vivemos hoje sob a borduna duma conspiração conjunta de medíocres e pusilânimes contra a maturidade e, pasmem, tudo isso é feito em nome da tal “educação”.

(4)
Mensurasse a necessidade, a indispensabilidade de algo, pela frequência e intensidade que precisamos deste ou daquele objeto, desta ou daquela pessoa.

Bem, então perguntemos, e lembremos que perguntar não ofende: quantas vezes, e com que intensidade, precisamos da intervenção das potestades estatais em nossas vidas? Em que medida os governantes são figuras imprescindíveis para que toquemos as nossas lutas diárias?

Pois é, um par de sapatos é algo indispensável; um aparelho celular, na sociedade hodierna, também. Um sacerdote, um comerciante, um policial e tutti quanti, são fundamentais; mas, e quanto a todos esses distintos caciques que se apresentam como sendo nossos legítimos e insubstituíveis representantes são assim tão impreteríveis como dizem ser? Pois é, eu estava pensando a mesma coisa.

(5)
Pessoas que num ato falho, num ato falho porque hoje em dia ninguém mais confessa esse tipo de coisa, dizem gostar deste ou daquele livro por causa das suas ilustrações e/ou por ser “fininho”, por mais pose que façam, por mais afetadas que sejam, dificilmente serão um dia uma pessoa ilustrada e, bem provavelmente, seu entendimento sobre tudo e sobre si também será, invariavelmente, bem curtinho.

(6)
Em se tratando de política, há uma regra de ouro a ser observada. Não da parte das raposas que juram de pés juntos que pretendem proteger o galinheiro público contra todos os males deste mundo. Não mesmo.

Acreditamos que a regra que será sugerida nestas linhas deva ser de relativa utilidade aos galináceos cidadãos do aviário brasiliano.

Bem, o critério seria o que segue: quanto mais um candidato se explica, quanto mais ele se justifica aqui e acolá, mais trambiques ele oculta, mais malfeitos ele fará; e quanto mais ele fala, inevitavelmente mais ele se enrola em seu tagarelar. É batata! Basta parar de torcer e começar a observar.

Pois é, já sei: é de assustar a quantidade de explicações, de justificativas que são atiradas aos quatro ventos nessa época. Como assusta. Mas não ignoremos as advertências que as raposas mesmas nos dão de bandeja para avaliarmos as suas verdadeiras intenções. Não ignoremos não.

(7)
Abra os olhos navegante! Abra olhos! Quando os candidatos dizem que tem uma ótima proposta, que eles têm muito por fazer pelo tal do povo e blá-blá-blá, lembre-se que todo e qualquer intestino também sempre tem muitas propostas, muitas a apresentar e olha só o que ele faz quando tem a possibilidade de atuar junto ao sanitário trono. Por isso, cuidado, muito cuidado nessa época em que tanta gente de repente resolve o povo cortejar.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.



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