Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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A MAIOR GLÓRIA QUE HÁ

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

“Não quero rezar para me proteger dos perigos, mas para ser destemido ao encará-los”. (Tagore)

* * *

Há livros e filmes que mexem profundamente conosco. Obras que literalmente nos viram de cabeça para baixo e nos fazem repensar a nossa maneira viver.

Esse é o caso do filme Cristiada (2012) sobre a Guerra dos Cristeiros no México. Filme esse que, ao seu término, fez-me prostrar ao chão em meio a riachos de lágrimas e soluços desconcertantes, coberto pela solidão e pelo silêncio da escura noite.

Após essa experiência estética e mística a prece, escrita por Santo Anacleto e recitada pelos camponeses mexicanos, passou a integrar meu modesto repertório de orações, que diz: “¡Madre Santa de Guadalupe!, acompaña en su agonía a este pobre pecador. Concédeme que mi último grito en la tierra y mi primer cántico en el cielo sea ¡Viva Cristo Rey!”

Inúmeras cenas dessa película foram gravadas em minha alma com um incandescente braseiro, cenas que carrega em seus movimentos verdades universais que são inegáveis, mas que, por minha natureza decaída e soberba, muitas vezes em minha porca vida acabei por vergonhosamente virar minhas costas para elas.

Duas coisas, nesse momento em que estou sulcando essas linhas, veem a minha mente que me foram suscitadas pelo filme em questão. A primeira é a questão central para a filosofia e, consequentemente, para todo indivíduo humano que perambula aturdido por esse vale de lágrimas: a existência de Deus.

Guimarães Rosa dizia sempre aos seus amigos mais chegados que essa era, de fato, a única questão que realmente importa. É o rochedo sobre o qual está edificado todo o sentido da existência. Ele, existente ou não, é o grande divisor. Se o Divino não existe e nós vivemos como se existi-Se, estaríamos cometendo uma tolice; se Ele existe e nós vivemos como se não existi-Se, estamos cometendo um gravíssimo erro. E, por fim, se desdenhamos essa questão estamos sendo mais do que inconsequentes.

Não consigo deixar de pensar nisso quando rememoro as imagens do filme em questão e a força dramática das personagens que, de fato, deram um testemunho contumaz da Verdade que dava sentido as suas vidas perdoando seus algozes, como o fez Santo Anacleto, ou cantando glórias a Virgem de Guadalupe e a Cristo Rei durante o suplicio, como o fez o infante Bem-aventurado José Sanchez Del Rio, cujo corpo permanece incorrupto, ainda hoje, dando testemunho Daquele que tudo criou, mas que a ordem jurídica e política Mexicana do começo da centúria passada não somente desprezavam, mas também e fundamentalmente combatia.

Outro ponto que faz minhas vistas saltarem é o fato de que aquelas almas tão audazes quando piedosas lutavam apenas pelo direito de viver a sua fé, pelo direito de ver e ostentar os símbolos dessa como, por exemplo, a possibilidade dos sacerdotes de Cristo apresentar-se publicamente com suas batinas.

Resumindo o entrevero: eles queriam o direito de poder assistir uma Santa Missa. Direito esse que lhes era negado na forma de um ato de genocídio cultural que, em regra, sempre antecede o genocídio literal, como tantas vezes ocorreu no correr do século XX e que continua a acontecer no terceiro milênio do natalício do Senhor.

Pois é, eles deram suas vidas por isso. Nós, por nossa deixa, vemos diariamente os valores e símbolos cristãos serem enxovalhados, assistimos embasbacados a aprovação de leis e a aplicação de medidas administrativas que visam minar e dissolver tudo aquilo que muitos dizem ser inegociável, mas que, ao contrário dos Cristeros, covardemente nos mantemos calados como se tais impropérios nada tivesse haver conosco. Preferimos insultar a Deus a desagradar as potestades desse mundo infame.

Exemplo gritante disso que estamos dizendo, que faria qualquer fiel da paróquia do Padre Pro riscar o facão no chão, são as cenas blasfemas manifestas em várias passeatas do orgulho gay ou em protestos de feministas radicais. Em especial, lembramos aqui uma onde um homem vestido de Papa com um cálice em uma mão e, na outra, uma caminha, fazendo às vezes do santíssimo sacramento. Homem esse que se auto-intitulava Papa Bento XXIV.

Outro, não menos ignóbil, foi um casal que, por ocasião da visita do Papa Francisco I, destruiu e masturbou-se com imagens de Nossa Senhora e com crucifixos – não necessariamente nessa ordem.

Bem, a pergunta que não quer calar - cuja resposta todos sabem - é: qual foi a reação dos fiéis? Qual foi a atitude apresentada pelos sacerdotes? Enfim, qual medida foi tomada pela famigerada CNBB do B? Apenas uma reação tão insípida quanto nossa fé, tão mesquinha quanto o nosso amor por Aquele que, por nós, se entregou na Santa Cruz.

Pois é. Pra chacoalharmos as cadeiras, ou fazer firulas para avacalhar com uma missa celebrada à margem das rubricas do missal Romano, todos estão dispostos; porém, se for preciso desafiar as diabruras materialistas do Estado brasileiro moderno, com suas inclinações ateísticas e niilistas, escondemo-nos todos, feito baratas que rastejam entre o fétido entulho que restou de nossa fé.

Enfim, ver o filme Cristiada e refletirmos sobre o estado de espírito reinante no Brasil, a maior nação Católica do mundo, é algo que nos faz temer e tremer sobre o destino de nossa pátria e, principalmente, de nossa alma.

É isso! E tenho dito: Viva Cristo Rey! Que Viva!

(*) professor e cronista

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