Por
Dartagnan da Silva Zanela
GUERRILHA
MORAL – O Marques de Pombal nos ensina que os que sabem tem o dever de
ensinar; os que são prudentes tem o dever de bem-governar; e os que estão na
conta dos sábios, tem a obrigação de, por todos, rezar. Se essa for a regra,
então, para o Brasil de hoje, ferrou tudo, porque muitos que nada sabem ousam
arbitrariamente doutrinar; outros tantos que são impudicamente imprudentes
aventuram-se a desgovernar em nome de delírios ideológicos megalomaníacos; e os
que posam de sábios, sem sê-lo, afirmam que não mais é necessário rezar, bastando
apenas que todos acreditem nos doutrinadores e obedeçam caninamente aos
imprudentes que eles indicarem. É mole ou quer mais?
UMA VELHA DICA - A lição é antiga e,
como todo ensinamento desse gênero, as palavras que apontarei na sequência
continuam a ser atualíssimas. O escrevinhante da vez é Gustave Le Bom, e ele
nos lembra que “o homem que não sabe dominar os seus instintos, é sempre
escravo daqueles que se propõem satisfazê-los”. Detalhe: atualmente o trem é um
pouco pior. O sujeito é reduzido a uma condição abjeta de rebanho, de massa de
manobra canina de grupelhos totalitários, e acredita, piamente, que está
exercendo o seu “sacrossanto” direito à cidadania.
UM JOGO BEM SUJO (i) – O jogo do poder
é algo que exige um estomago suíno de todo aquele que se atreve a jogá-lo. Para
aqueles que desejam compreendê-lo, exige-se, além disso, olhos de águia. Vários
sãos os subterfúgios utilizados pelos atores que pelejam nesse cenário. Vários.
Um mais vil que o outro.
Um
expediente extremamente comum nessa seara é a geração dum fato para desviar a
atenção de outro. Quando esse recurso é utilizado, o que mais importa é a
versão, não os fatos mesmos. Quanto mais apelativo for à sensibilidade do
público, que vive atarantado com suas obrigações diuturnas, maior será a
eficácia do desvio de atenção.
Nesse
sentido, qualquer um que seja capaz de olhar os fatos friamente, conseguirá,
com relativa clareza, ver o quanto “A” pode ser malicioso no uso desse
expediente e o quanto “B” pode ser estúpido ao fazer justamente o que o
primeiro quer. E não nos esqueçamos que entre “A” e “B”, há uma massa disforme
que é utilizada para esse ou aquele propósito. Detalhe: essa massa imagina que
está fazendo algo sem se dar conta de que está servindo a outro, feito uma peça
menor num pérfido tabuleiro de xadrez.
Perceber
a complexidade duma jogada como essa, que é a fabricação dum factoide, não é
difícil não, porém, não é tão simples assim, haja vista que somos
demasiadamente apegados as “nossas” impressões limitantes (como uma ideologia
ou meros interesses grupais), ou porque estamos por demais impressionados pela
primeira versão dada aos fatos.
Se
seu desejo é não ser reduzido a um reles joguete desse tabuleiro imundo da vida
política brasileira, mais do que nunca, é de fundamental importância zelar pela
prudência e esforçar-se para tentar visualizar toda a conjuntura. Tal tarefa,
além de demandar seriedade de nossa parte, também exige uma boa dose de
paciência para que, assim, e somente assim, não sejamos engolidos pelos
clamores de ocasião.
Agora,
se seu desejo é ser devorado pela turbulência do momento, sinta-se à vontade,
porém, não espere colher bons frutos dessa lavoura. É tempo perdido.
UM JOGO BEM SUJO (ii) – Numa
organização política de massas, disciplinada e organizada, raramente o objetivo
propagandeado para as multidões, e para a sociedade como um todo, é o seu
objetivo real. Aquilo que é propagandeado é para mobilizar a aglomeração e
conquistar o apoio da opinião pública (Ao mesmo tempo é uma motivação para a
ação e um cenário de fundo para ela). O que é estabelecido pelos organizadores,
com discrição, é a finalidade da ação, o objetivo real a ser atingido. Resumindo:
a motivação embala a massa para realizar a finalidade que a multidão desconhece
ou ignora.
UM JOGO BEM SUJO (iii) – É fácil por
demais motivar pessoas de boa índole a lutarem contra uma injustiça para que
elas, sem perceber, comentam outra e, inevitavelmente, sofram uma terceira.
Blog2: http://zanela.blogspot.com
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