Por
Dartagnan da Silva Zanela
INVASÃO VERTICAL DE BÁRBAROS – A
justeza de uma batalha não está no ódio visceral manifesto contra o inimigo
declarado; ela encontra-se no amor que é expresso por aqueles que protegemos
com nossa vida e pelo zelo que devotamos aos valores que defendemos.
Por isso, no
sorumbático contexto atual, o que vemos apenas é um ódio político manifesto de
maneira inconfessa, muitíssimo maior que qualquer amor pela educação; ódio esse
imensamente maior que o afeto declarado pelos alunos e por suas famílias.
Infelizmente.
PROVA MAIOR - Amor não se demonstra
sacrificando o bem amado em nome de nossos interesses grupais. Quem ama não
expõe os inocentes amados a situações danosas. Amor demonstra-se de maneira
abnegada, sacrificando-se pelo bem-amado. Quem ama dá a vida, graciosamente,
por aqueles inocentes que lhe foram confiados. Onde o ódio torna-se maior que o
dever, onde o interesse mesquinho se sobrepõe ao compromisso, o amor ao
inocente é calado e a educação perde todo o seu sentido. Aliás, ao que tudo
indica, ela deixou de existir junto com o bom senso.
AÇÃO INFRA-HUMANA - A radicalização dos
meios e a insensatez das ações apenas revelam a inconsequência dos sujeitos e a
mesquinhez dos propósitos almejados.
NÃO SE FAZ MAIS COMO ANTIGAMENTE - O
bom pastor é aquele que dá a vida por suas ovelhas. Agora, o que dizer do
pastor que abandona seu rebanho por tempo indeterminado para servir a outro
senhor? Vai ver que ele espera que as alcateias que vicejam os cordeirinhos
sejam magnânimas, já que ele desistiu de sê-lo.
FOI-SE COM A CORDA - Napoleão dizia que
podemos recuperar tudo, menos o tempo perdido. Por isso, a educação, ao que
tudo indica, não apenas perdeu um tempo precioso, mas também o seu objetivo e,
principalmente, o sentido de sua existência.
Aliás, o
mesmo general francês dizia, sobre a educação de uma criança, que ela deve
iniciar dezoito anos antes de seu nascimento. Pois é, quando tempo desperdiçado
de maneira vã.
POR OUTRA LUTA - Numa luta de duvidoso
propósito, os grandes prejudicados não são aqueles que são o alvo de nossa
fúria irascível. As grandes vítimas duma luta insensata são justamente aqueles
que nos esquecemos de defender. Inocentes indefesos esquecidos e feridos por
aqueles que deveriam defendê-los.
USOS E ABUSOS - Todos carregam junto da
cinta uma algibeira com um punhado de palavras. As temos para todas as ocasiões
e acreditamos que cada uma delas seja apropriada para essa ou aquela situação.
Ledo engano.
E assim o é porque, entre os usuários da língua, há aqueles que são reles
agitadores e outros que se portam feito zelosos artífices.
Os
primeiros, por leviandade e revolta infantil, tomam a palavra e estupram a
inteligência; a própria e a de seus ouvintes e leitores.
Os segundos
são tomados por ela e, através de cada palavra procuram desvendar continentes
inteiros e, desse modo, ampliar a sua inteligência; a sua e a daqueles que
generosamente banham seus ouvidos e deitam suas vistas na imagem desenhada
amorosamente com os vocábulos.
CORRUPÇÃO ENGAJADA - Há uma passagem do
livro FAUSTO, de Johann Goethe, onde Mefistófeles diz: “afinal, acabamos
dependendo das criaturas fizemos”. Pois é, não apenas acabamos dependentes de
muitas das criações de nossa alma adoentada, mas também, acabamos por nos
tornar escravos delas, haja vista que o sopro que anima e vivifica boa parte
das criações humanas é a soberba e a vaidade.
E por
vaidade e soberba acabamos muitas vezes nos agrilhoando às nossas criações que,
por sua natureza caída, nos arrastam para a destruição da pouca dignidade que
há em nosso confuso coração.
Criamos
monstrengos que atormentam a todos, por acreditarmos que tal inconsequência
seja nosso inalienável direito e, sem percebermos, acabamos por ser devorados
pela disforme criatura; de modo similar ao doutor Victor Frankenstein de Mary
Shelley. Ou terminamos com um destino parecido com o do doutor Fausto da magistral
obra de Goethe.
Seja dum
jeito ou doutro, acabamos sendo consumidos por nossa revolta fáustica;
destruídos pelo Frankenstein criado por nossa deformidade cidadã.
Blog2: http://zanela.blogspot.com
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