Por
Dartagnan da Silva Zanela
A
PARAFINA ESQUECIDA (i) - Basta à luz duma vela para quebrar com a escuridão
que nos rodeia. Assim nos ensina a sabedoria popular. Porém, vale lembrar que
basta apenas um pequeno sopro para que as trevas voltem a imperar sobre nosso
olhar.
A PARAFINA ESQUECIDA (ii) – Outro velho
ensinamento da sabedoria popular, que merece nossa consideração, é aquele que
afirma que vela apagada não chama moscas. É verdade. Mas bosta não tem luz e,
também, vive rodeado delas.
A PARAFINA ESQUECIDA (iii) – Deus ajuda quem
cedo madruga. Tudo mundo sabe disso. E não são poucos os que discordam desse
dito. Por isso, penso eu, vale lembrar que Ele ajuda quem cedo labuta, porém, o
Divino não faz nada daquilo que é nosso dever, apenas nos dá uma mão no
cumprimento abnegado de nossas obrigações.
CHORUMELAS - Quando vejo minha pequena
infante fazer beicinho, bater o pesinho, exigindo isso ou aquilo do seu velho
paizinho, sorrio; e penso cá com meus alfarrábios: ela está agindo como uma
cidadãzinha crítica, por isso, devo educá-la melhor para corrigi-la. Num
pequenino, tal intrujice é feia e ninguém nega. Porém, essa impostura, num
adulto, é um defeito moral grave, e todos admiram. Aí, não tem mais cura.
CHORUMELAS (ii) - Um senso de dever
agudo é a pedra angular da vida adulta. A satisfação de todos os nossos
desejos, não. Por isso, imaginemos que todos resolvessem abdicar da realização
de seus deveres e apenas cogitassem voltar a realiza-los quando todas as suas
“vontades” fossem realizadas, como seria? Seria a realização daquilo que
muitos, festivamente, chamam de “o mundo melhor possível”. Ou seja: um
verdadeiro inferno, (depre)civicamente falando.
PEDRA É PEDRA - Sacrificar-se pelos
outros é altruísmo; um atributo humano admirável. Sacrificar-se pelos seus
pares é tribalismo; outra distinção humana que, também, tem lá os seus méritos.
Agora sacrificar os outros em nome dos seus interesses ou dos objetivos duma
facção, não passa dum misto de safadeza egoística com oportunismo cretino.
PEDRA É PEDRA (ii) - Defender o que
todos, em média, defendem, não é, de modo algum, sinônimo de magnanimidade. É
mediocridade pura e simples. Dignificante é almejar o que está acima da
medianidade dos gostos vigentes sem deixar-se intimidar pela estultice da
maioria que imagina que sua massificada baixeza seja alguma espécie de
distinção cívica.
NINGUÉM SEGURA - Chamar um indivíduo,
imerso nessa mentalidade obtusa de militonto, para a realidade dos fatos, é uma
tarefa praticamente hercúlea. Não é fácil não. Nani não. Agora, se esse sujeito
está vivendo um teatrinho que o faça sentir-se confirmado em seus delírios
ideológico-esquizofrênicos, esqueça. Nesse caso, a burrice transfigura-se numa
titânica força tragicômica. Aí, não há remédio. Escape! Porque não há que
segure a avalanche de bobagens.
BOI DE PIRANHA - Há no íntimo de cada
um de nós, um covarde latente. É desconfortável admitir, sei disso. Mas temos,
todos nós, um borra-botas original habitando secretamente nosso íntimo. Dos
possíveis poltrões ocultos em nós, o mais vil, é aquele que instrumentaliza sua
cobardia para fazer parecer uma espécie de valentia cívica. É bem simples: o
caboclo provoca, instiga e afronta sem cessar e aí, quando recebe o
contra-ataque, faz-se de vítima, de coitadinho e, é claro, de inocente, ao
mesmo tempo em que espuma de raiva. Enfim, sucumbir diante do medo, é humano.
Faz parte do nosso drama existencial. Agora, esse negócio de coitadismo
(depre)cívico, é pilantragem pura e simples.
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