Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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NADA DE ASPAS NESSA HISTORIETA

Por Dartagnan da Silva Zanela


DIRETO NO FÍGADO (i) - Quando você bate o pé, chora, e faz nhenhenhém para ser respeitado por outrem não é porque você, necessariamente, mereça a deferência exigida de maneira tão pueril. Ao contrário. Possivelmente está sinalizando, com esse gesto, que todo o respeito que nos é facultado não nos é devido.

DIRETO NO FÍGADO (ii) - Uns clamam para que sua pessoa seja respeitada; outros tantos exigem que certos valores sejam devidamente venerados; e há também aqueles que querem ser reverenciados por considerarem-se representantes desses ou daqueles valores. Diante de toda essa lamúria cívica, vale lembrar: toda pessoa humana deve ser respeitada e, principalmente, dar-se ao respeito; todos os valores devem ser devidamente venerados, desde que sejam realmente dignos disso; e todo aquele que se julga representante de algo reverenciável deve necessariamente elevar-se à altura da dignidade exigida sem querer rebaixá-lo ao nível de sua baixeza inconfessa para, desse modo, dissimular uma grandeza inexistente.

O INDIVÍDUO MORREU (i) - As multidões não apenas devoram o nosso caráter, mas também, e por isso mesmo, corroem nossa inteligência, incapacitando-nos de compreender as mais ululantes obviedades, tamanho o servilismo de nosso limitado entendimento aos ditames ideologicamente delirantes de nossos massificados pares.

O INDIVÍDUO MORREU (ii) – Quando cultivamos, em nosso íntimo, um desejo irascível de estarmos sempre no meio da turba para sentirmo-nos “especiais” é porque, no fundo, não passamos de pessoas miseravelmente medíocres, incapaz de agir dignamente feito gente em nosso dia a dia.

O INDIVÍDUO MORREU (iii) – Para os canalhas, os fins sempre justificam os meios. Os biltres, maquiavelicamente, acreditam que o que eles defendem é tão bom que qualquer coisa que façam os colocará acima do bem e do mal. Uma pessoa razoável pensa de maneira um pouco diferente. Essa sabe que os meios qualificam os fins, porque nada é tão bom que possa justificar qualquer aberração. As pessoas razoáveis sabem que seus direitos têm limites; os infames acreditam histericamente que não ter limite é seu direito.

O INDIVÍDUO MORREU (vi) – O imbecil de carteirinha quando é defrontado com uma reflexão de caráter moral sempre, escorregadiamente, se esquiva da imagem de sua degradante condição apontando para terceiros a responsabilidade que lhe cabe ao mesmo tempo em que se faz de vítima inerme.

O INDIVÍDUO MORREU (v) – O vadio inconfesso sempre consegue encontrar uma boa causa para justificar a vivência sua desídia fundamental.

O INDIVÍDUO MORREU (vi) – Se a literatura foi reduzida a estereótipos, se a música foi diminuída à repetição de chavões, a religião esvaziada de seu sentido original e a educação pervertida numa reles inculcação de preceitos doutrinários rasteiros e estéreis, é impossível que toda e qualquer atividade política não seja escancaradamente corrompida. A alta cultura é a bússola intelectual e moral de um povo. Se essa bússola encontra-se nesse estado, é porque ela está profundamente avariada e, consequentemente, nada de bom pode ser parido no cenário político.

O INDIVÍDUO MORREU (vii) – Na maioria das vezes preferimos as ilusões que nos dão a sensação de grandeza do que as verdades que apresentam nossa real condição. As primeiras nos seduzem e, por isso, facilmente nos rendemos a elas; tamanha é nossa fraqueza. As segundas, por sua natureza, nos educam e, por isso, resistimos tanto às suas evocações; tamanha é nossa rebeldia inconsequente.

O INDIVÍDUO MORREU (viii) – Muitas lições foram-me ensinadas por meus pais. Lições que guardo e cultivo zelosamente no miserável solo de meu peito. Cultivo esse que sempre rendeu-me bons frutos. Desses ensinos, um é-me muito caro. Diziam-me meus pais: antes de exigir algo como sendo seu, por direito, chame para si algo para ser seu dever, sua obrigação. Cumprido o dever auto-impingido o direito será conquistado e reconhecido. E se não o for, a exigência já se encontra justificada moralmente sem carecer de afetação histriônica.

O INDIVÍDUO MORREU (ix) – Podemos pedir, ou exigir, tudo o que quisermos. Podemos, inclusive, imaginar que tal atitude seja toda a lei. Entretanto, vale lembrar que nem tudo convêm ser pedido; outras coisas até é bom que nos sejam negadas e, por fim, nem tudo o que clamamos para nós, com toda força de nossos pulmões, nos é devido, mesmo que custemos a reconhecer isso.

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