Por
Dartagnan da Silva Zanela
LETRA MORTA - As palavras são dádivas
celestiais; especialmente a palavra escrita e, por isso, elas devem ser usadas
para corporificar pensamentos que inspirem ações que nos libertem de nossa animalidade
latente e de nossa banalidade contingente. Agora, quando as palavras são
utilizadas como a um reles invólucro, socialmente aceitável, de opiniões parvas
que reafirmam nossa tonteria, tornamo-nos apenas um tosco partícipe duma
assembléia de inconscientes inconsequentes que ao invés de vivificar, mata a
nossa dignidade.
DOR DE CABEÇA - Quem, de fato, se
aferra na ingrata labuta de refletir sobre as idas e vindas da vida em
sociedade sabe muito bem que deve, diuturnamente, viver e conviver com contradições.
Os idiotas, ao contrário, imaginam que seus atos e palavras são sempre o
supra-sumo da coerência. Pois é, a coerência duma multitude de incertas e
indisfarçadas besteiras.
PEDRA DE TOQUE - Joaquim Nabuco nos
ensina que é aos nossos filhos que pagamos a nossa dívida para com os nossos
pais. É para com a geração presente que devemos pagar o débito que temos para
com as gerações que nos antecederam. Todavia, para reconhecermos o pagamento de
uma dívida, é necessário que sejamos gratos e generosos e que não aceitemos ser
carcomidos pela mesquinharia e pelo rancor.
TACANHA CIDADANIA - Georges Bernanos,
diz-nos que: “[...] ninguém é consolado, sem que tenha primeiro consolado
outros; que nada recebemos, sem que primeiro tenhamos dado.” Talvez, imagino
eu, esteja aí a raiz dos descaminhos que nossa sociedade tomou. Fomos
deseducados de maneira brutal e passamos a crer que tudo nos é devido, que
somos merecedores de toda e qualquer dádiva e gracejo (os tais direitos), sem
que, necessariamente, tenhamos dado a nossa contribuição de maneira generosa e
abundante. Não é por menos que as atitudes mais tacanhas hoje sejam vistas como
signo de cidadania e, penso eu, está mais do que na hora de virarmos essa
lúgubre página de nossa história. Ponto.
TADINHOS - Uma pessoa compromissada não
é quem exige tudo de outrem, mas sim, aquele que está disposto a doar-se sem
exigências prévias e sem lamúrias. Quem vive fazendo-se de coitadinho, de
vítima disso ou daquilo, não quer saber de compromisso com nada e com ninguém.
Esse tipo de gente quer apenas que façam por eles aquilo que eles não são
capazes de fazer por si e muito menos pelos outros e, por isso, são tão
revoltadinhos. Tadinhos.
QUESTÃO DE IMAGINAÇÃO - Tentar imaginar
uma pessoa sem defeitos é como querer conceber um indivíduo sem corpo. Não tem
como. Porém, se nos esforçarmos para idear um elemento sem caráter que, por
todos os meios, quer disfarçar a sua canalhice com toda ordem de sandices
ideológicas, na certa, você visualizará em sua mente, um militonto.
CIDADANITE CRÔNICA - Sempre quando ouço
uma multidão gritar, histericamente, que está lutando por seus direitos,
invariavelmente, vem a minha mente a imagem duma criança marota fazendo
beicinho dizendo que quer, imediatamente, o seu danoninho.
SEM NOÇÃO - Quando solicitamos algo sem
um mínimo de razoabilidade, nosso pedido perde a sua legitimidade. E assim o é
porque ele simplesmente se tornou uma exigência desequilibrada dum privilégio
miúdo, não mais a reparação dum direito.
DESNORTEADO – Somos críticos o bastante
para lutarmos por isso e por aquilo; críticos o suficiente para odiarmos esse
ou aquele em nome de algo que consideramos nosso direito, porém, não somos
razoáveis o bastante para amarmos verdadeiramente algo que é o nosso dever. Na
verdade, desconhecemos o significado da palavra amor, não sabemos o que é o tal
direito, desprezamos o que venha a ser a dita razoabilidade e ignoramos o
significado do famigerado dever.
Blog2: http://zanela.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário