Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(i)
QUANDO MOLEQUE, SEMPRE QUE eu via na escola o mapa mundi,
imaginava que metade do globo terrestre era ainda desconhecido, haja vista que,
para mim, apenas metade do globo teria sido mapeado, e que, um dia, eu poderia
explorá-lo e, quem sabe, descobrir novas terras e novos mundos.
Minha imaginação procedia de modo similar quando via o mapa
do Brasil ou do Estado do Paraná. Imaginava, na inocência de minha meninice,
que um município era apenas o pontinho que representava a cidade e que, todo o
restante da área multicolor do mapa representava áreas ainda inexploradas que
estavam apenas esperando pela ousadia dum Darta veio da vida.
Enfim, confusões cognitivas da tenra infância que, ao seu modo,
até hoje me ensinam uma preciosa e imorredoura lição que me vacinou contra as
tentações ideológicas e delírios utópicos que tão facilmente pervertem o velho
e bom senso das proporções.
Lembro-me sempre, quando rememoro essa doce lembrança de meus
idos pueris, que a realidade é sempre muito mais ampla, profunda e complexa que
as nossas vãs racionalizações sobre ela. Racionalizações que são paridas por
meio das confusas sínteses feitas por nós através de nossa desordenada
percepção e preguiçosa apreciação de tudo e a respeito (ou despeito) de todos.
(*) Professor, caipira,
cronista e bebedor de café.
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