Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
Desde longa data, um dos traços característicos da
brasilidade é a mimetização de tudo o que vem de fora. Não que a imitação seja
algo ruim. Não mesmo. O probleminha aqui, com esse quesito, é que temos por
hábito imitar tudo o que não presta, haja vista o péssimo costume que temos de
considerar bonito ser feio.
Porém, não escrevinho essas linhas para apontar esse
óbvio ululante. Escrevo-as para indicar um sinal jubiloso de mudança dessa
mentalidade.
Nessa semana, a Escola Municipal Monteiro Lobato,
onde meu filho mais velho estudou e que, agora, minha filhota estuda, promoveu
uma palestra com os infantes sobre o dito cujo “dia das bruxas”, instruindo-as
para não celebrá-lo, haja vista que virou modinha a macaqueação desse folguedo
popular estrangeiro aqui nessas plagas verde-amarela.
Bem, quando vi minha pequenina, com seu semblante
serenamente iluminado, falando-me das inúmeras razões pelas quais não seria
conveniente, nem desejável, comemorar a referida dada, senti-me tocado e,
naturalmente, profundamente agradecido.
Bom seria se mais instituições de ensino procedessem
desse modo. Aliás, não sei se seria um pouco ousado de minha parte, mas,
consideraria extremante interessante ver as instituições de ensino convidando
os mancebos a celebrar o “dia de ação de graças” (a quarta quinta-feira do mês de
novembro) ao invés do tal do “dia das bruxas.
Enfim, como havia dito, não há nada de errado em
imitar algo, pois, imitando se aprende. Então, que imitemos o que é sumamente
bom, e paremos, o mais rápido possível, com essa modinha de querermos ensinar
as crianças a imitar toda e qualquer gambiarra de caráter duvidoso, pouco
importando o que seja e de onde venha.
(*) Professor, caipira,
cronista e bebedor de café.
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