Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
§ APENAS UMA CURIOSIDADE §
Matutando cá com meus
alfarrábios, tendo a solitária imensidão do capão de livros da biblioteca que
está diante dos meus olhos de saquarema nesse momento, ocorreu-me uma questão a
qual gostaria de matutar: porque - mas porque mesmo - os caiporas que mais defendem
a dita cuja da educação, por que aqueles que dizem acreditar tão piamente nos
poderes curativos e edificantes da tal ensinação são, em regra, alminhas que
não gostam de estar em sala de aula pra lecionar, no caso dos adultos, e para
assistir aulas, no caso dos mais novinhos? Claro que em toda regra há uma e
outra honrosa exceção. Claro que há! Mas nunca o são em número suficiente pra
invalidar uma regra.
§ TUDO MAIS QUE FAJUTO §
A maneira como certos indivíduos
- miúdos e graúdos – se comportam diante duma autoridade que lhes inspire algum
tipo mórbido de respeito ou temor, não é sinal de boa formação moral não cara
pálida. Na maioria das vezes isso apenas indica que o caboclo tem medo, apesar
de não possuir nenhuma gota vergonha nas ventas.
Com grande frequência vemos essas
figuras que, diante dos olhos de certos adultos portam-se feito gurizotinhos de
igreja e que viram no tocha logo que esses mesmos olhares se fazem ausentes.
Como dizemos aqui no interior:
viram num chapéu velho logo que quem manda sai de perto.
Pois é, fenômenos como esse, cada
vez mais frequentes em nossa triste sociedade, sinalizam apenas uma coisa: que
o nosso sistema educacional, de mãos dadas com a sociedade e com as
“otoridades” competentes, está criando uma multidão de cidadãos cínicos e
egocêntricos que sabem muito bem dissimular uma pose de dignidade na frente de
um punhado de gente crescida tão dissimulada quanto eles, mas, quando estão
apenas consigo mesmos revelam as suas garras mais do que depressa.
É meu caro! É nisso que dá quando
se fica por décadas a fio desdenhando a importância da solidão da consciência
individual e de seu papel na formação do caráter dum indivíduo.
É nisso que dá quando se exacerba
a importância de supostas consciências coletivas, sociais, críticas e o caramba
a quatro, coisas essas que levam as pessoas a se preocuparem muitíssimo mais
com os olhares de aprovação e reprovação de determinados grupelhos, se esses
descobrirem as suas imundices fundamentais, o que, por sua deixa, leva os mesmos
indivíduos a não darem pelota alguma para o fato deles praticarem essas
imundices diante do silêncio dos seus próprios olhos.
Ignora-se que é nessa solidão que
todos nós revelamos o que realmente somos. Imagem essa que apenas se torna
remotamente temível nessas almas quando são confrontadas com o olhar daqueles
que elas temem servilmente.
Quando sós, não sabem o que e
quem elas realmente são, haja vista o amortecimento sofrido pela sua
consciência coletiva que foi por anos a fio torturada pela tirania das
coletividades inconscientes.
(*)
professor, cronista e bebedor de café.
Nenhum comentário:
Postar um comentário