Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
Certa feita o poeta Bruno
Tolentino havia definido, com aquele jeitão inconfundível dele, que o
ecumenismo nada mais era do que a união de todas as religiões para destruir o
Cristianismo. Pra destruir a Igreja Católica em particular e o Cristianismo dum
modo geral.
Ora, o poeta aparentemente
carregou demais nas tintas quando afirmou isso? De jeito maneira. E vou um
pouco mais adiante. Os Cristãos Católicos, mais entusiasmados com o tal
ecumenismo, na real, como diz René Girard, desejam no fundo que a Igreja não
mais exista. Desejam isso não tão conscientemente e de maneira inconfessável, é
claro.
Repare num detalhe: quando,
através do Concílio Vaticano II se declarou que a Igreja pretendia abrir-se ao
mundo, essa declaração sinalizava para o desejo apostólico de que ela, Santa
Madre Igreja, ampliaria os seus esforços para converter o mundo.
Porém, devido à malícia de
muitos, que ao invés de interpretar essa afirmação à luz da tradição da Igreja,
procuraram distorcê-la às sombras das ideologias materialistas da moda, em
especial a partir do espectro do marxismo cultural fantasiado de teologia da
libertação.
Bem, o resultado não poderia ser
diferente: uma contínua e irrefreável mundanização da catolicidade e de seus
membros.
Trocando por miúdos: ao invés de
vermos homens santos brilhando por esmerar-se em refletir a luz de Cristo sobre
o mundo, temos uma multidão de pop stars vaidosos esmerando-se pra caramba para
projetar sua sombra mundana sobre a Igreja e, consequentemente, sobre o Cristo.
E fazem isso com toda aquela velha e conhecida boa intenção.
Não é à toa que o santo
sacrifício vivido de maneira incruenta em toda Santa Missa, hoje, parece-se
muitas vezes mais com um bailão sertanejo cafona; outras vezes, com uma festa
rave e, em alguns casos, com um tosco show de auditório com um ou mais
animadores onde, geralmente, se esquece por completo da realidade que se faz
presente misteriosamente numa Santa Missa.
Também, não é por menos que o
Sacrário, que antes ocupava o centro do templo junto ao altar - fosse esse
templo uma modesta capela ou uma magistral Basílica – hoje se encontra à margem
do altar, colocado ao lado [ou de lado] para dar lugar a todos àqueles que,
cada qual ao do seu modo, querem celebrar a sua envaidecida fé, esquecendo-se
que a Missa e a santa liturgia são um patrimônio da Igreja de todos os tempos e
não algo que possamos mutilar ao nosso bel prazer para satisfazer a nossa
vaidade fantasiada de fé.
Nós deveríamos, penso eu,
concentrar nossos esforços e empenhos para procurar nos integrar vivamente ao
corpo místico de Cristo e não querer, soberbamente, fazer valer o inverso e
lavorar para que Cristo seja do nosso jeitinho.
Na verdade, deveríamos nos
esforçar e clamar à Providência para sermos imitadores do Senhor e não ficarmos
querendo que o senhor se curve diante das frivolidades do tempo presente.
Mas não. Não são poucos os que
abraçam e se rejubilam com a mundanização da Igreja e com a avacalhação geral
dos sacramentos e da tradição.
Aviltamento esse que é
capitaneado por esse soberbo espírito ecumênico que, sorrateiramente, não mede
esforços para destruir tudo aquilo que foi edificado pelos sacrifícios – muitos
deles silenciosos - duma legião de santos que, através dos séculos,
recusaram-se a fazer o que hoje tão alegremente se faz com a barca de São
Pedro.
(*)
Professor, cronista e bebedor de café.
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