Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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BLOGICAMENTE FALANDO – parte IV

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Não provoque as pessoas de bom coração. Não seja tolo de irar aqueles que têm um coração fortemente inclinado à mansidão porque essas, mais do que todas as outras pessoas, têm adormecidas em seu íntimo um punhado de bestas ferozes que, sinceramente, é melhor que fiquem adormecidas. Por isso, repito: não as provoque. Não mesmo. Não queira ver a transfiguração dessas almas adocicadas feito favos de mel em terríveis cálices de amargo fel.

(2)
Não fique indagando sobre tudo o que está ocorrendo e muito menos sobre o que todos estão fazendo aqui e acolá. Isso, além de ser um trambolho inconveniente, também é um veneno para nossa inteligência porque quem quer saber de tudo, a respeito de tudo e de todos a tempo todo, acaba sabendo nada, sobre nada, em tempo algum. Queiramos ou não, tal disposição indiscreta tem um poder avassalador para desordenar a nossa alma. É por isso que, entre outras coisas, a Santa Madre Igreja condena veementemente o mexerico e a vã curiosidade. Por essas e outras que, como dizem os populares, a indiscrição matou o gato. Se não o matou, com toda certeza, o deixou idiota. Bem idiota.

(3)
Nos sofrimentos humanos, o mais agonizante, é saber que boa parte dos males que nos afligem são frutos de nossas escolhas e, um bom tanto de nossos gemidos, apenas um tolo exagero de nossa imaginação. E escolhemos mal por querermos parecer ser os mais espertos dos espertos. E extrapolamos muito em nossos alaridos dolorosos por seremos tão desfibrados quanto desordenados espiritual e moralmente.

(4)
A misericórdia é uma dádiva divina semeada enquanto possibilidade humana em nosso coração; porém, quando empregada com malícia para dissimular uma altivez inexistente, ao invés dela reparar o mal impingido, ela apenas aprofunda mais e mais o cinismo daqueles que fazem da transgressão e da barbárie um projeto de vida.

(5)
Somente almas tediosas procuram a tal da felicidade nas miudezas do mundo; somente elas fazem dessa vã procura a mais elevada meta a ser perseguida numa vida. Para elas, na verdade, essa seria a única coisa digna de sua destemperada atenção e talvez, por isso, elas sejam como são: vazias.

(6)
A leniência da justiça e a simpatia dos formadores de opinião para com os criminosos, sejam eles miúdos ou graúdos, tem uma força corruptora tão grande quando o próprio crime em si, seja ele vultoso ou minúsculo.

(7)
Lembremos sempre do óbvio ululante. Lembremos sempre que a canalhada jura de pés juntos que eles são bons-moços, de que todo meliante afirma, veementemente, sem fazer figas, que ele é uma alma inocente e injustiçada. Isso é tão óbvio, tão óbvio, que às vezes esquecemos, da mesma forma que não nos lembramos que todo justo, antes de qualquer coisa, considera-se um mísero pecador e que todo cidadão íntegro reconhece-se como sendo um improlífico devedor de seus pares.

(*) professor e cronista.
Site: http://dartagnanzanela.webcindario.com/

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