Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(1)
Num momento de crise, a honradez
não mensurasse pela capacidade aguerrida de se manifestar na defensa dos ditos
e escarrados "nossos direitos" em suas minúcias e miudezas, mas sim,
em avaliarmos de maneira prudente a situação e sermos humildes e realistas o
bastante pra reconhecer que a pequenez de nossas queixas nada é em comparação
com o drama sofrido por muitos. Resumindo o entrevero: não compreender isso,
francamente, é um claro sinal de infantilidade tardia fantasiada com a máscara
duma decadente cidadanite.
(2)
Quando a situação aperta, todos nos
vemos obrigados a apartar a cinta e a reorganizar a nossa vida. As pessoas
maduras compreendem isso e procuram agir de modo ponderado frente à situação,
procurando, dentro de suas limitações, resolver os problemas que vão sendo
apresentados.
De mais a mais, é natural que
muitos esperem que nossos governantes, as autoridades investidas de poder por
nossos tolos e impensados votos, se portassem de modo magnânimo; mas,
infelizmente, como todos nós sabemos, nossa classe política é tal qual nossa
fauna: não há gigantes; não há estatura moral que se destaque em meio a esse
lodaçal estamental partrimonialista.
Por isso, mais do que nunca, não
podemos nos dar ao luxo de agir de modo leviano, pois, se o comando da frota é
vil, cabe aos marujos de cada nau ser e agir feito leões do mar para que as
embarcações de nossas vidas não venham a pique em meio a essa infausta tormenta
em que nos encontramos devido ao mau rumo tomado pelos timoneiros ignóbeis que
estão à frente dessa nação que está literalmente à deriva.
(3)
Há uma diferença abissal entre o
que seja a tal da cidadania e o que é uma mera birra infantil.
(4)
O que uns garbosamente chamam de
direito, para muitos não passa dum vil privilégio.
(5)
Há momentos que devemos ser
agressivos e partir para o combate; para o bom combate. Há outros em que
devemos nos colocar na defensiva para proteger o que mais estimamos. Porém,
existem inúmeras circunstâncias em que, simplesmente, nada devemos fazer; nada,
para podermos avaliar a situação com prudência e clareza e não acabarmos dando
um tiro em nosso próprio pé, lutando um combate contra nós mesmos que pode
acabar, em muitos casos, mutilando aquilo que mais estimamos. Em horas assim, de
desesperança, urge que tenhamos paciência e, fundamentalmente, que sejamos
prudentes.
(6)
Uma causa, para ser justa, deve
necessariamente ser maior e mais digna que a dor de nossos bolsos e, de modo
algum, deve fundar-se na furibunda insatisfação de nossos desejos.
(7)
O limite da compreensão de um
indivíduo é o seu interesse. Se ele deseja realmente conhecer, as fronteiras do
seu entendimento se dilatarão formidavelmente. Todavia, se o que ele almeja for
apenas cumprir uma formalidade para obter um título que apenas atesta que ele
cumpriu com certos ritos curriculares, a compreensão será literalmente
agrilhoada nos ferros do desinteresse e seu entendimento atirado no calabouço
da mediocridade.
(*)
professor e cronista.
Site:
http://dartagnanzanela.webcindario.com/
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