Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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BLOGICAMENTE FALANDO – parte VIII

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Certas pendengas burocráticas existem simplesmente para diminuir-nos em nossa mísera humanidade, pra nos ocupar enfadonhamente com baboseiras formalmente fantasiadas de oca imprescindibilidade para, desse modo, acabarmos não tendo mais tempo para aquelas bugigangas bem nossas; para aquelas coisas que realmente importam.

(2)
Aprender qualquer coisa é uma questão de disciplina; de autodisciplina. Sem ela, todo e qualquer acesso a informação, principalmente em farta quantia, torna-se apenas uma futilidade entre outras tantas que ocupam as almas que perambulam pelas vielas da vida moderna. Idolatrar essa fartura informacional e desprezar afetadamente a necessária capacidade de auto-ordenação é a própria idiotia travestida superioridade hi tec.

(3)
Não sabermos de certas coisas é muitas vezes o caminho para uma ilusão. Sabermos determinadas coisas é sem pôr nem tirar o fundamento sólido para uma imensurável alienação. A galerinha dita crítica que o diga.

(4)
Todo aquele que idolatra as tecnologias de comunicação e que diz, de boca cheia, que elas são importantíssimas para a (de)formação estudantil, deveriam, antes de dar pitacos furados sobre educação, perguntar-se por que Steve Jobs, Bill Gates e tutti quanti não entregavam essas tecnologias (tablets e companhia) livremente nas mãos de seus filhos? Por quê? Outra: por que as escolas de elite dos EUA, Inglaterra e etc., fundamentam a educação de seus infantes em procedimentos pedagógicos tradicionais e não nas baboseiras modernosas que tanto encantam as almas deformadas e desarmadas? Enfim, por que os países que obtém os melhores resultados educacionais são justamente aqueles que não idolatram brinquedos tecnológicos e, inclusive, baseiam a educação dos seus mancebos em velhos e consagrados procedimentos pedagógicos? Por que meu caro Watson? Talvez, talvez, porque eles avaliem todas as questões dessa seara seguindo o preceito que nos é dado pelo Divino Ensinador que nos diz que devemos conhecer e julgar a cepa de uma árvore pelos seus frutos e não pela fascinação impactante de sua frondosa aparência que nos seduz de modo similar ao canto de uma sereia. 

(5)
Você já ouviu falar de uma carniça chamada psicose informática? Já ouviu falar dum trem fuçado chamado dissonância cognitiva? Então deveria conhecer essas tranqueiras e pensar mais no assunto com muitíssima seriedade antes de ficar idolatrando e apregoando aos quatro ventos os supostos benefícios que a informática pode trazer para a educação de nossos mancebos.

(6)
Não são poucos os caiporas que veem com aquele trelelê de que as tenras gerações não deveriam aprender isso ou aquilo porque elas jamais irão utilizar aquilo ou isso em suas vidas e se por ventura algum dia elas tiverem que utilizar essas supostas tranqueiras epistemológicas, poderão encontrá-las no grande oráculo dos dias atuais: a internet.

Que lindo. Que fofo. Que bobagem.

Esse tipo de conversa, sem nada pôr, sem nada tirar, é uma das maiores patacoadas pedagogescas de todos os tempos; uma patacoada diabolicamente cínica, diga-se de passagem.

Explico-me. Ao menos tentarei.

O que somos não é, de modo algum, somente o que utilizamos em nosso dia a dia, não mesmo. Na verdade, somos muitíssimo mais que isso. Tudo aquilo que sabemos e que, em regra, não tem serventia alguma no nosso cotidiano nos torna quem somos e, inclusive, faz daquilo que realizamos diuturnamente algo único, especial e pessoal.

Ora, como é que Sherlock Holmes resolve suas investigações? Através dum amontoado de conhecimentos miseravelmente práticos aprendidos numa consulta rápida a um site ou por meio de uma inabarcável quantidade de conhecimentos inúteis integrados em sua alma que dão forma a sua fascinante personalidade?

Pois é. Somente um indivíduo tapado, desprovido de personalidade é tão tonto ao ponto de ser incapaz, totalmente incapaz, de compreender isso.

Ponto. E tenho dito.

(7)
Para que as pessoas na sociedade atual possam estar desfrutando dos inúmeros benefícios que hoje temos, foram necessários os esforços e os conhecimentos acumulados de inúmeras gerações. Foram necessários milênios de esforços para chegarmos ao estágio em que nos encontramos.

Estancar o acesso a esses saberes e desdenha-los, francamente, é uma baita sacanagem para com as tenras gerações. Uma baita sacanagem, principalmente, para com as futuras gerações.

Pior! Isso é feito só porque uma meia-dúzia de estultos sem talento consideram isso ou aquilo algo inútil. Outra coisa: fazer isso é repetir o mísero trelelê utilitarista das pessoas que apenas se importam com os frutos do silencioso labor alheiro, ignorando o quão árduo e complexo é para criá-los e cultivá-los.

Tal situação prefigura a própria realização das "profecias" do filme "Idiocracia". Quem não assistiu, assista. Vale a pena não apenas pelas risadas.

Verdade seja dita: esse tipo vil de gente sempre existiu e sempre existirá, porém, absurdamente, somente hoje esses indivíduos acreditam que devam ditar os rumos da educação e, consequentemente, o futuro de nossa sociedade.

Enfim, como diria o meu irmão: é o fim da rosca.

(*) professor e cronista.

Site: http://dartagnanzanela.webcindario.com/

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