Por Dartagnan da Silva Zanela (*)
(1)
Reconhecer a realidade de nossa
baixeza nada original deve, necessariamente, ser o passo inicial para
nos purificar de nossa decrepitude existencial. De modo algum deve
ser a afirmação soberba de nossa mediocridade o ritmo de nosso
passo. De jeito algum devemos elevar nossa pequenez ao patamar dum
projeto de vida digno de respeito e de ovações, como, infelizmente,
muitas vezes acontece.
(2)
Muitíssimas
vezes um poltrão disfarça a sua pusilanimidade com simulacros
cafonas de valentia, fazendo pose de machinho ranheta ou recorrendo a
outros trejeitos do gênero; mas, no fundo, o biltre não passa dum
moleque ranhento, assustado com a possibilidade de que as pessoas
venham a confirmar aquilo que todos sempre suspeitaram: que ele, no
fundo, não passa dum simplório covarde que, de vez em quando, dá
uns chiliques furibundos duma macheza infantil.
(3)
O
perdão apenas tem sentido quando é sinceramente solicitado e,
obviamente, quando é francamente oferecido. Quando ele é assim, um
ato de doação recíproco, seu poder reparador e edificador, de
fato, é divino. Entretanto, quando o ato de perdoar é reduzido a um
simplório palavrório deformado, ofertado de modo banal com ares de
bom-mocismo à biltres de coração empedernido que simplesmente não
o desejam, quando ele é dado a vilões que fazem troça desse
tesouro espiritual que lhes é graciosamente brindado, de fato, esse
gesto sublime quando é praticado assim, reduz-se a um cinismo tal
que em vez de reparar o mal feito, apenas o fomenta mais e mais
porque, infelizmente, os corações profundamente maculados quando
recebem um gesto de amor, quando veem uma demonstração de bondade,
em vez de acolhê-lo, reconhecem nele apenas um sinal de fraqueza que
sorrateiramente os convida a continuar maculados e maculando de
consciência tranquila, praticando o mal sem a menor cerimônia.
Digam e pensem o que bem entenderem, mas, esse é o óbvio ululante
que só os tolos e os mal intencionados são incapazes de ver.
(4)
Perdão
sem sincero arrependimento é similar a sexo sem consentimento. Nesse
viola-se a dignidade do corpo; naquele, a excelência da alma.
(5)
Lembre-se
que os santos mártires derramaram o seu sangue afirmando que Cristo
é o Verbo divino encarnado. Lembre-se que toda vez que aceitamos
esse cristianismo modernoso, tão presente em todos os cantos do
nosso triste país, que nega o Cristo, Rei do universo, em favor dos
modismos mundanos egolátricos estamos, sem querer querendo,
blasfemando contra Aquele que se entregou no alto do madeiro da cruz
por cada um de nós e escarnecendo do santo martírio de todos
aqueles que piamente deram a sua vida testemunhando a Verdade que
hoje tão soberbamente é negada em tantos altares, em tantos
corações.
(6)
Nos
ensina a Sagrada Escritura que o temor de Deus é o princípio da
Sabedoria. Já o pensamento politicamente correto nasce do temor aos
gritos histéricos do vulgar alarido mundano.
(7)
Ou
obedecemos a Verdade, ou servimos a mentira. Não há meio termo.
Podemos até enrolar e apresentar mil e uma desculpas, mas elas
apenas confirmarão que não há meio termo nem aqui, nem acolá.
(*)
professor e cronista.
Site:
http://dartagnanzanela.webcindario.com/
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