Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(1)
Saber organizar o tempo inútil,
aprender a aproveitar de modo criativo as nossas horas vadias é algo
fundamental para nos aprimorarmos não apenas profissionalmente, mas também, e
principalmente, para nos realizarmos humanamente.
Podemos até não concordar com isso,
mas é fato que elas, as horas ociosas de nossos dias não são poucas e são todas
preenchidas com alguma atividade que, na maioria dos casos, nada agrega nem em
termos profissionais e muito menos em termos humanos.
Trocando por miúdos: diga-me o que
comumente chamam de saber aproveitar a vida que eu te direi que tipo de gente
compõe a nossa triste sociedade.
(2)
Quando cedemos a uma chantagem nós
já estamos derrotados. A derrota pode até não ser oficial, mas já é uma
realidade.
Por essas e outras que o sistema
educacional brasileiro encontra-se no estado deprimente em que está, pois a
muito esse se rendeu totalmente as chantagens mesquinhas e tacanhas feitas pela
mentalidade politicamente correta que reduziu o ato de educar a um encucamento
vil de cacoetes mentais em misto com a assimilação de reflexos condicionados
por meio de palavras e atos de significado deformado ao velho estilo
orwelliano.
Enfim, o sistema pode até rumar
para um abismo ignaro, mas nada impede que um e outro indivíduo, por conta e
risco, deem um basta nisso tudo e passem a nadar contra a maré tomando posse de
sua própria educação, lutando para corrigir o rumo de sua formação.
Todavia, é bom lembrar que, para
tanto, é imprescindível que se tenha uma boa dose de coragem moral e de
destemor intelectual para não acabarmos, também, cedendo às chantagens
politicamente corretíssimas que, por sua deixa, não são poucas nessa terra de
desterrados.
(3)
O mundo está às avessas mesmo. Os
entendidos não coram de vergonha quando, com toda aquela afetação de
superioridade, afirmam que o ridículo é belo e que, o admirável, seria algo
irremediavelmente grotesco. E muitos, por medo de parecerem tontos alienados,
concordam com essas sandices por simplesmente estarem muito mais preocupados em
parecerem cultos perante a opinião desses desvairados afetados do que em
procurar esforçar-se para de fato sê-lo.
(*) Professor, cronista e
bebedor de café.
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