Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
Uma das artimanhas mais comuns da
mentalidade politicamente correta é a de utilizar um adjetivo, elogioso ou
difamante, e servir-se dele, sistematicamente, como se fosse algo
substancial.
Quando procedemos assim, dilatando
o sentido substancial duma palavra para querer dizer mutias coisas, acaba-se por esvaziar o seu significado e,
ao invés dela corresponder à substância que originariamente ela se referia, acaba-se restringindo o seu sentido a um amontoado de impressões subjetivas facilmente
manipuláveis.
Exemplo muitíssimo simples dessa
perversão é o que é feito, atualmente, com a palavra família.
Veja só: há amigos que amamos como
se fossem nossos irmãos e os tratamos como tal, cientes de que não o são. Existem
pessoas que queremos bem como se fossem nossos pais, cônscios de que elas não o
são. Inclusive há aqueles que tratam seus cães e gatos como se fosse filhos e,
obviamente, essas pessoas sabem muito bem que os “filhinhos” são apenas
bichinhos de estimação muito amados.
Enfim, sabemos que certas pessoas,
e mesmo animais, não são substancialmente nossa família, mas porque as temos em
elevada conta, dizemos que elas são como se fossem dá família ou, em alguns
casos, é a única coisa que muitas pessoas têm como família, cientes de que não é substancialmente uma.
Todo mundo entende isso. Todos.
Somente a tigrada politicamente correta, com seus recalques críticos e rancor
desconstrucionista não compreende e, por isso mesmo, quer avacalhar com as
relações humanas sob a desculpa de estarem construindo um mundo supostamente
mais justo com sua (in)tolerância politicamente engajada fantasiada de
democracia, diversidade e tolerância que, no frigir dos ovos, são apenas outras palavras
totalmente esvaziadas de sua substancialidade.
(*) Professor, cronista e
bebedor de café.
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