Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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APENAS UNS PITACOS APIMENTADOS


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Resumo da opereta brasileira: nós, reles cidadãos, somos indivíduos desorientados e em agonia; os políticos, em sua maioria, cínicos com grande maestria e os “intilictuais”, por sua deixa e numa significativa quantia, são a manifestação da insensatez em estado de pura histeria.

(ii)
Criaturinha do céu! Entenda uma coisa: conhecer história não é sinônimo de ser capaz de deformar tudo com meia dúzia de estereótipos marxistas vulgares. Conhecer história é estar disposto a ser surpreendido por aquilo que até então lhe era desconhecido. No primeiro caso o indivíduo presume conhecer tudo sem nada saber. No segundo, o sujeito presume que ele necessita conhecer muito para saber algo. Entendeu a diferença? Se não, vá cachimbar formiga.

(iii)
É óbvio que a vitória é importante. Mas mais importante que isso é a magnanimidade com que encaramos nossas realizações, sejam elas no esporte ou na vida.

(iv)
Uma das grandes perversões da educação contemporânea é essa conversa progressista, tão mole quanto fiada, que afirma que o professor não deve ousar querer ser um ensinador, mas sim, contentar-se em cumprir o papel de um reles mediador e procurar, dessa forma, valorizar tudo o que o aluno já sabe.

A fala, assim apresentada, é bonita e cativante, entretanto, como toda prosa populista, quando vista com um pouquinho mais de atenção, acaba revelando o que há por trás da boniteza de suas letras sedutoramente ajuntadas.

Na real, esse dito, repetido por tantos doutos no assunto, que defendem o que eles mesmos chamam de educação emancipadora, declara sutilmente que devemos começar a educar com uma baita dose de bajulação do infante para que ele acredite que sua ignorância presunçosa – caraterística típica dos tenros anos – não é algo que deveria ser corrigido, mas sim, que ela é apenas uma forma de sabedoria excluída por aqueles que ousam querer ensinar-lhes algo que eles não sabem (ou que em muitos casos eles presumem saber).

Aí, desse modo, o mancebo não crescerá, obviamente, em espírito e verdade, mas sim, em soberba e ignorância, pois, como nos ensina Hugo de São Vitor, a educação começa com a virtude da humildade que leva os infantes a desejarem ampliar o seu entendimento para, desse modo, poderem mergulhar sua inteligência na vastidão misteriosa e cativante da realidade.

É. Mais isso é coisa do passado. Hoje, a moda pedagógica é mutilar a complexidade do real a um amontoado de cacoetes mentais para poder reduzi-la ao tamanho da ignorância daqueles que afirmam que não se deve ensinar, e a profundidade da presunção daqueles que não querem aprender, para que todos tenham a ilusão de conhecer alguma coisa ao mesmo tempo em que estão apenas afirmando soberbamente que a suprema autoridade em matéria de ensino/aprendizagem não é conhecer, mas sim, ignorar olimpicamente o que deveria ser conhecido.

(v)
Marmelada, na hora da morte, como dizem os antigos, termina de matar. Por isso, lembremos sempre que a sabedoria adquire-se, antes de tudo, através de sábios hábitos, nunca por meio de espasmos de presunção motivados numa situação de aperto. Por isso mesmo que marmelada, com toda a sua doçura, não salve nem cura.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

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