Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(i)
Não tenho vocação pra ouvir
conversa de maluco. Tenho até alguma paciência pra tal, mas, no fundo, o único
doido que eu aturo sou eu e olhe lá.
(ii)
É possível avaliar o quão grave é
a doença que aflige a alma brazuca pela degradação estética que assola a nossa
desorientada sociedade.
(iii)
Veja só as quantas anda os
entreveros nacionais: líderes políticos, com duas mãos canhotas, estão
incitando, na cada dura, suas hostes de militantes a partirem para a violência
nas ruas caso o timoneiro rubro/barbudo, supostamente operário, for preso pelos
seus malfeitos.
Na cabeça dessa gente, tal
atitude, vil por sua própria natureza, seria um gesto sumamente democrático ou,
como os próprios dizem: uma forma de resistência contra o tal do “gorpi”.
Tudo bem, cara pálida - e de pau.
Mas você reconheceria como sendo uma forma democrática de luta se seus
adversários políticos tomassem uma atitude similar a essa? É claro que não,
porque violência politicamente instigada nos olhos dos outros é democracia, nos
deles próprios é fascismo.
De mais a mais, democracia, no
vocabulário dessa gente não passa duma palavra vazia, levianamente usada para
mal disfarçar sua sanha totalitária. Repare, com um pouquinho de atenção, o que
essa gente chama de democrático e mais do que depressa sacará qual é a sua real
face.
Enfim, sem mais delongas, sempre
é bom lembrar que só não percebe essa obviedade ululante quem procura resumir
os seus raciocínios a um punhado de estereótipos que, não sei como, acabam
dando algum norte para uma vida sem sentido. Ou um nó. Vai saber...
(iv)
É mais ou menos assim: depredação
de prédios públicos é democracia, protestar pacificamente contra os corruptos
de estimação dos canhotos aí não vale. É fascismo.
(v)
Uma vida vivida sem uma
perspectiva que aponte para além do efêmero não passa duma existência indigna
que nos rebaixa a um nível animalesco.
(*) Professor, cronista
e bebedor de café.
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