Por
Dartagnan da Silva Zanela (*)
(i)
Assistir ao filme O JARDIM DAS
AFLIÇÕES com o meu filho Johann, não tem preço. Melhor que isso, seria somente
assistir a referida película com a minha amada, com minha filha Helena e com
todos os meus amigos e alunos.
(ii)
Um trem que a muito chama minha
atenção é o quanto algumas pessoas, muitas pessoas mesmo, se deixam afligir por
causa de questões e problemas que elas não tem, em alguns casos, meio algum
para influir, e que não tem uma relação direta com elas, noutros tantos. Já os
problemas e questões que, por sua deixa, tem uma relação direta com a sua
existência, que elas teriam meios para poder equacioná-los duma forma razoável,
são sumamente desdenhados por elas. Tal desdém por essas questões em misto com
a artificiosa atenção manifesta ao conjunto de problemas que foram indicados no
início dessa escrevinhada, seriam, em resumo, o conjunto estruturante da
mentalidade aflitiva daqueles que se proclamam detentores duma consciência crítica,
que se consideram sumamente habilitados a dar pitacos a respeito de todas as
pendengas da humanidade, mas que, não são capazes de dar um norte em suas
porcas vidas.
(iii)
Pessoas muitíssimo apegadas a
ideologias, sejam elas furadas ou não, são similares a crianças mimadas que,
mesmo depois de grandinhas, insistem em continuar mamando em sua velha
mamadeira ou em ficar chupando no bico. Bem, ao menos boa parte das crianças
graúdas que assim procedem tem vergonha disso. Já ao grandões, com suas mamadeiras
de Lênin e chupetas de Stalin, não. Pelo contrário. Tais figuras acham muito
bonito ser feio.
(iv)
O apego sentimental a uma
agenda ideológica é um indicador duma personalidade frágil e dum caráter
fragmentado.
(v)
Nenhuma ideologia vale mais que
a realidade duma única vida humana. Nenhum delírio dum mundo melhor vale o
sangue de um indivíduo. Por isso repugno o marxismo, uma ideologia que ceifou a
vida de mais de cento e dez milhões de inocentes. Por essas e outras que
desconfio de todas as supostas boas intenções manifestas por aqueles que
defendem essa tranqueira. Ponto.
(vi)
Tem muita gente que julga-se
moralmente superior simplesmente porque diz defender um tal de “mundo melhor
possível”. Esquecem-se elas de que Lênin, Stálin, Pol Pot, Hitler, Mao
Tsé-Tung, Fidel Castro e tutti quanti também sonhavam com um suposto “paraíso
terreno” e, tal sonho, deu no que deu: um inferno na terra.
Por essas e outras que prefiro
mil vezes ser o caipira cético que sou, com relação aos milagreiros
ideológicos, que ser um sujeito bonzinho e crítico que, de maneira criticamente
crédula, entrega sua consciência para ser deformada pelos curandeiros políticos
do momento e acabar terminando como um fiel devoto de qualquer seita
ideológica.
(*)
Professor, caipira, cronista e bebedor de café.
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