Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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NADA A DECLARAR


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Toda punição que não leve em consideração a dor impingida a vítima, que não queira ser um símbolo exemplar para todo o corpo social daquilo que é inaceitável e que apenas preocupa-se com a integridade, física e psicológica, do agente responsável pelo mal perpetrado, acaba, querendo ou não, tornando-se um mecanismo de fomento das rivalidades miméticas no tecido social que podem, cedo ou tarde, acabar culminando numa crise [sacrificial] sem precedentes, onde todos quererão fazer justiça com as próprias mãos num processo onde o corpo societal apenas irá parar quanto sentir de expiou todas as suas frustrações acumuladas. Frustrações de toda ordem, acumuladas por anos e mais anos de leniência, impunidade e bandidolatria de todas as magnitudes. E aí, meu caro Watson, quando esse dia chegar, não vai ter mamãe barriga me dói. O bicho vai ser feio mesmo.

Detalhe: não desejo isso. Não mesmo. Apenas vislumbro algo que, para mim, é ululantemente óbvio e que, se não houvesse a perversão ideológica que há do senso das proporções, que impera, principalmente, entre as mentes bem pensantes de nosso triste país, essa tragédia poderia ser evitada. Poderia.

(ii)
No Brasil, quando os cidadãos clamam por uma punição mais rígida para aqueles que praticam crimes ignóbeis, tal clamor, ao ver daqueles que cultuam a bandidolatria, seria apenas uma espécie de crime de lesa-humanidade.

(iii)
Todos aqueles que reivindicam para si o monopólio do bem, acabam, inevitavelmente, praticando o mal nas suas formas mais corruptoras, crendo, sempre, que estão lavorando pela realização daquilo que imaginam ser o sumo bem.

(iv)
Muitíssimas vezes, numa frequência muito maior que a desejada, as teorias que procuram explicar as causas, próximas e remotas, dum crime, terminam por servir de justificativa sociológica para sua prática.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

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